http://www.radiofronterafm.com.br/ads.txt
O advogado Luciano de Freitas Santoro, que no final de maio comemorou a liberdade de Elize Matsunaga, passou a integrar a defesa do policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, que matou a tiros o guarda municipal de Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda enquanto ele comemorava os 50 anos com uma festa temática ao ex-presidente Lula e ao PT. Após reunião com Guaranho, fã do presidente Jair Bolsonaro (PL), Santoro disse que ele não lembra de como cometeu o crime.
O caso envolvendo Elize Matsunaga ganhou repercussão nacional. Ela foi condenada pelo assassinato seguido de esquartejamento do cônjuge, em 2012. Em 2019, a defesa conseguiu uma vitória no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que reduziu para 16 anos e três meses sua condenação. No dia 29 de maio deste ano, foi liberada da penitenciária Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé (SP), após 10 anos de reclusão.
Luciano Santoro esteve em Foz do Iguaçu na última quinta-feira (28 de julho) e visitou Guaranho no Hospital Ministro Costa Cavalcanti, onde está internado em recuperação. O cliente do criminalista foi denunciado pelo Ministério Público (MPPR) por homicídio qualificado pelo assassinato de Marcelo Arruda em 9 de julho, na região Norte da cidade.
Santoro relaciona o esquecimento de Guaranho as agressões e à gravidade das lesões, que motivaram a abertura de um inquérito paralelo em meio à investigação do assassinato. “Ele não tem memória do evento. Chutaram muito a cabeça dele. É um milagre ele ter sobrevivido. Acredito que a recuperação será muito longa e difícil”, disse em entrevista ao UOL pelo WhatsApp.
“Mas as informações sobre o estado de saúde dele apenas podem ser prestadas pelos médicos. Não tenho a menor qualificação para isso”, ponderou o advogado. O crime do qual Guaranho é autor foi praticado por motivo fútil em face de “preferências político-partidárias antagônicas”, afirmam na denúncia os promotores Luis Marcelo Mafra Bernardes da Silva e Tiago Lisboa Mendonça.
Panorama
O policial chegou ao local com música alta enaltecendo Bolsonaro e gritando "O mito chegou e o Brasil acordou". Marcelo Arruda, que não conhecia o atirador, era tesoureiro do diretório municipal do PT e da diretoria do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz (Sismufi). Na denúncia aceita pelo Tribunal de Justiça (TJPR), o MPPR disse entender que a conduta do policial penal não feriu o estado democrático de direito, mas atentou contra a vida da vítima.
Imagens do monitoramento interno mostram o atirador acompanhado da esposa e um bebê de três meses. Ao ser informado se tratar de uma festa privada, discutiu com os presentes e saiu, dizendo que voltaria "para matar todos", segundo as testemunhas. Em seguida o policial penal retornou ao local, desceu do carro, sacou a pistola e fez os primeiros disparos do lado de fora do salão de festas.
Marcelo Arruda reagiu e, mesmo do chão, conseguiu alvejar o policial penal. A vítima, que chegou a ser socorrida com vida, deixou esposa e quatro filhos, sendo uma menina de seis anos e um bebê de apenas um mês.
O MPPR aguarda dois laudos para concluir a denúncia. Uma das imagens do sistema interno. A intenção é identificar, com leitura labial, e confirmar o que disseram as testemunhas ouvidas. O outro deve mostrar as informações do celular de Guaranho, que pode revelar com quem ele conversou e se o crime foi pensando com antecedência.
A intenção é saber se ele já tinha conhecimento de tudo antes de chegar no quiosque da entidade que é sócio e já foi diretor. Testemunhas confirmaram que ele viu a festa em tempo real pelo monitoramento.
fonte/Gdia