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A recente alta do dólar, moeda dos Estados Unidos, ante o real no Brasil, refletiu diretamente no número de turistas e nas vendas em Ciudad del Este, um dos mais importantes centros comerciais do Paraguai. Nos últimos dias, a moeda estadunidense bateu recorde na fronteira chegando a R$ 6,18, disparando o alarme de comerciantes e vendedores do município, cuja economia depende em grande parte do turismo de compras promovido pelos turistas de Foz do Iguaçu.
A conta é simples, a desvalorização da moeda brasileira frente ao dólar encarece as compras no Paraguai, reduzindo o poder de compra dos turistas que cruzam a fronteira pela Ponte Internacional da Amizade, para aproveitar os preços mais baixos de produtos importados. “O cenário é agravado pela volatilidade financeira que o Brasil vive”, ressaltou o jorna La Clave, após um giro pelo centro comercial de Ciudad del Este.
A cotação do dólar, que inicialmente começou a cair no dia 9 de dezembro, disparou após a piora do mercado internacional e a persistência das incertezas políticas e fiscais no Brasil. Segundo relatório do mercado financeiro brasileiro, o dólar fechou a R$ 6.082, superando o recorde anterior do Plano Real.
Golpe direto
Para Ciudad del Este, segundo a imprensa do país vizinho, esta situação representa um golpe direto no comércio fronteiriço. Quando a moeda brasileira se desvaloriza frente ao dólar, os consumidores brasileiros veem sua capacidade de compra reduzida, principalmente de produtos eletrônicos, perfumes, roupas e outros bens de consumo que costumam adquirir em território paraguaio.
As pessoas atravessam a fronteira em busca de preços mais acessíveis, mas com o real desvalorizado, em muitos casos não vale mais a pena, reconhecem os comerciantes ouvido pela imprensa local. A valorização do dólar no Brasil foi impulsionada pela incerteza quanto à aprovação de um pacote fiscal no Congresso Nacional, bem como pela reação dos mercados internacionais ao aumento das taxas de juros dos títulos do Tesouro dos EUA.
Contexto
A volatilidade foi agravada, segundo o La Clave, pela divulgação de uma nota do Partido dos Trabalhadores (PT), do qual pertence o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que criticava as propostas do Ministério das Finanças, aumentando as dúvidas sobre a estabilidade econômica do país. Outro fator que influenciou foi o aumento das taxas de juros dos títulos estadunidenses, o que levou os investidores a buscarem refúgio em ativos mais seguros, fortalecendo o dólar globalmente.
As expectativas se concentram na evolução da economia brasileira e na possibilidade de o real recuperar valor frente ao dólar, afirmam os empresários do centro comercial paraguaio. Se a moeda brasileira não se fortalecer, o início do novo ano será mais do que complicado para o comércio local. “Um real baixo é um golpe direto para a economia fronteiriça”, resumem.